outubro 12, 2015

Criança no porão


Eu, que tanto quis amadurecer,
que tudo fiz por merecer idade avançar,
que por muito julguei-me conhecer,
tento por resgatar-me hoje buscar
o instante insone em que supus esconder
sem voz, em mim, uma criança, assim...

Eu, que por sempre planos idealizei,
que ao tempo décadas de mim ofereci,
que não percebi nisso quanto neguei,
trato por realizar-me agora restituir
a vida do menino que calei no ser,
por supondo crescer que é assim viver.

Retorna, garoto...
Renova nossas alegrias já desbotadas,
para que juntos sejamos, cresçamos,
vivamos, infinitamente, sem envelhecer...

Ricardo Fabião (outubro, 2015)

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