Eles eram milhares, uns sobre os outros, justapostos pela falta de crença em dias a mais, em manhãs para um depois. De longe percebi como era pesado aquele escuro dentro dos seus olhos. As ruas estavam tomadas de desespero, os sorrisos tomados, as possibilidades...
Passei calado com uma poesia escondida sob a pele, lentamente para que ela não acordasse ali. Eles me viram mas não sabiam meu desvio. Não puderam entender que guardo mundos, que arrisco minhas noites em rima e verso. Isso é muita estrada para o nada que carregam por dentro. Tomei a primeira esquina e saí...
Adiante, retirei do bolso uma luz já meio apagada e colei-a no céu para virar lua acesa. Ficou metade viva apenas, amarrotada de tanto esquecimento, mas era ainda uma lua que se via. - Pronto, a humanidade tem meia luz para uma chance. Do outro bolso puxei um velho sonho e o deitei em algum lugar. Dormi dentro dele e apaguei as chaves que retornavam... mas lá fora deixei a lua para guiar outro desvio.
Ricardo Fabião (Abril - 2010)
Ricardo Fabião (Abril - 2010)
"retirei do bolso uma luz já meio apagada e colei-a no céu para virar lua acesa".
ResponderExcluirSuas palavras desfilam em transe imagético. Parece um lápis delineando em nossa mente o percurso "difuso" por você sonhado. Ora a sua maneira, ora a nossa maneira, ora a do outro. Enfim, com a liberdade de um sonho sartriano.
Isso é coisa boa,
O que seria da poesia se não houvesse quem lhe atestasse tamanha profundidade?
ResponderExcluirFiquei feliz com a tua visita.
Abração.
Ricardo.
Ricardo:
ResponderExcluirDeixei no meu Blog um selo para o seu, é só ir lá e buscar... espero que goste!!!
http://prisca-pensamentos.blogspot.com/
Beijos
Pri